terça-feira, 18 de junho de 2013

MOÇÃO DE REPÚDIO




FÓRUM ESTADUAL PELA REFORMA AGRÁRIA E JUSTIÇA NO CAMPO DE GOIÁS
CPT - MST - MLST - FETRAF - FETAEG - TERRA-LIVRE- MVTC – MPA- MMC – MBTR  FORUM DE ECONOMIA SOLIDÁRIA – CUT – CONLUTAS – TM/PT-MCP - ANDES- FORUM DO GRITO DOS EXCLUÍDOS - DCE/UFG – SINTESEP – SINDISAUDE - SINDIAGRI

Nota de Repúdio:                     
 Goiânia, 10 de junho de 2013.
Governo de Goiás manda polícia expulsar famílias acampadas
O governo do estado de Goiás mandou a polícia despejar as famílias que acampavam próximo a uma fazenda de propriedade do Estado. A polícia não cumpria liminar, portanto, o despejo foi ilegal. O grupo de famílias havia montado o acampamento dia 20/05 nas margens da GO154, estrada de terra que liga a cidade de Araçu-Go ao distrito de Ordália, município de Itauçu-Go. 
  O movimento Terra Livre decidiu montar o acampamento com objetivo de chamar a atenção da população sobre a venda da fazenda do Estado, em leilão previsto para acontecer no mês de junho, que leiloará diversas áreas urbanas e rurais de propriedade do Estado. Logo no primeiro dia em que as famílias montaram o acampamento a polícia compareceu fazendo pressões para as famílias deixarem o local, mas elas recusaram em sair do espaço, que é público e não atrapalhavam o tráfego.
Foi distribuída pelo Movimento, uma carta à população denunciando a venda da fazenda Córrego Rica, conhecida na região como fazenda do Estado, que tem área de 730 ha. O movimento reivindicava que a fazenda fosse retirada do leilão, que está previsto para ocorrer dia 17/06 do corrente ano, e seja destinada para reforma agrária. 
Durante o período em que as famílias permaneceram no acampamento, o comando da polícia da região colocou duas viaturas para ficar vigiando o acampamento permanentemente, monitorando todos os passos da direção do movimento. Na terça-feira a noite, por volta das 22:00h, foram ao acampamento mais cinco viaturas, entre elas duas caminhonetes e uma viatura da Rotam, com mais de 20 polícias.  As famílias ficaram apreensivas, pois imaginaram que o despejo ocorreria naquele exato momento. Após intenso diálogo entre a direção do movimento e o capitão que estava no comando a desocupação foi postergada.
    No dia seguinte, por volta das 19:00h, o mesmo contingente de policiais  retornou sobre o comando de um Coronel que deu ordem para as famílias se retirarem, urgentemente, caso se recusassem seriam retirados a força, foram logo derrubando os barracos,  não deram chance, não permitiram que  as famílias recolhessem todos os seus pertences, as mesmas tentaram ainda  negociar para sair no dia  seguinte, logo pela manhã, pois não tinha transporte suficiente para levar todos os seus pertences, o que não foi permitido.
A polícia se aproveitou de um momento em que o acampamento estava com um número pequeno de famílias, pois um grupo havia saído para comprar comida e outro ainda não tinha retornado do trabalho.
 Para o Fórum de Reforma Agrária e Justiça no Campo de Goiás é um absurdo em pleno estado de direito trabalhadores/as que lutam por seus direitos são criminalizados, sendo que não ocupavam uma propriedade privada e sim margem de uma rodovia pública e não estavam incomodando ninguém. Esta ação demonstra o viés autoritário do governador e seu vínculo com os latifundiários. Outro fator determinante é que o governo pretende manter o leilão da fazenda, temendo que a mobilização dos acampados viesse prejudicar a realização do leilão, pois os futuros compradores poderiam se recusar a ofertar preços. Assim, expulsou as famílias de perto da fazenda porque pretende vende-la, para um rico fazendeiro, ao invés de fazer um assentamento de reforma agrária.
O Fórum de Reforma Agrária solicita ao INCRA que realize vistoria agronômica no imóvel para verificar sua improdutividade. O Movimento Terra Livre não deverá recuar e continuará na luta para que a fazenda seja destinada para reforma agrária. Distribuir terra a trabalhadores/as, sobretudo devoluta, é obrigação de qualquer Estado que tem como princípio a superação das desigualdades sócio-econômicas, resultantes de um modelo de desenvolvimento que determina o que o governo deve fazer para que ele se perpetue. Para tanto, o governo do Estado de Goiás se utiliza de todos os mecanismos para atender os usurpadores do Estado, inclusive as forças institucionalizadas de repressão, mais uma vez, como historicamente acontece no campo e também na cidade, como se percebe nas últimas manifestações públicas na capital do Estado.

É preciso continuar a luta, mesmo tendo a certeza de que não estamos em um Estado democrático da federação.


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