FÓRUM ESTADUAL PELA REFORMA AGRÁRIA E JUSTIÇA NO CAMPO DE
GOIÁS
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DO GRITO DOS EXCLUÍDOS - DCE/UFG – SINTESEP – SINDISAUDE - SINDIAGRI
Nota
de Repúdio:
Goiânia,
10 de junho de 2013.
Governo
de Goiás manda polícia expulsar famílias acampadas
O governo do estado de Goiás mandou a polícia
despejar as famílias que acampavam próximo a uma fazenda de propriedade do
Estado. A polícia não cumpria liminar, portanto, o despejo foi ilegal. O grupo
de famílias havia montado o acampamento dia 20/05 nas margens da GO154, estrada
de terra que liga a cidade de Araçu-Go ao distrito de Ordália, município de Itauçu-Go.
O movimento Terra Livre decidiu montar o acampamento com objetivo de chamar
a atenção da população sobre a venda da fazenda do Estado, em leilão previsto
para acontecer no mês de junho, que leiloará diversas áreas urbanas e rurais de
propriedade do Estado. Logo no primeiro dia em que as famílias montaram o
acampamento a polícia compareceu fazendo pressões para as famílias deixarem o
local, mas elas recusaram em sair do espaço, que é público e não atrapalhavam o
tráfego.
Foi distribuída pelo Movimento, uma
carta à população denunciando a venda da fazenda Córrego Rica, conhecida na
região como fazenda do Estado, que tem área de 730 ha. O movimento reivindicava
que a fazenda fosse retirada do leilão, que está previsto para ocorrer dia
17/06 do corrente ano, e seja destinada para reforma agrária.
Durante o período em que as famílias
permaneceram no acampamento, o comando da polícia da região colocou duas
viaturas para ficar vigiando o acampamento permanentemente, monitorando todos
os passos da direção do movimento. Na terça-feira a noite, por volta das
22:00h, foram ao acampamento mais cinco viaturas, entre elas duas caminhonetes
e uma viatura da Rotam, com mais de 20 polícias. As famílias ficaram apreensivas, pois
imaginaram que o despejo ocorreria naquele exato momento. Após intenso diálogo
entre a direção do movimento e o capitão que estava no comando a desocupação
foi postergada.
No dia seguinte, por volta das 19:00h, o mesmo contingente de policiais retornou sobre o comando de um Coronel que
deu ordem para as famílias se retirarem, urgentemente, caso se recusassem seriam
retirados a força, foram logo derrubando os barracos, não deram chance, não permitiram que as famílias recolhessem todos os seus
pertences, as mesmas tentaram ainda negociar
para sair no dia seguinte, logo pela
manhã, pois não tinha transporte suficiente para levar todos os seus pertences,
o que não foi permitido.
A polícia se aproveitou de um momento em
que o acampamento estava com um número pequeno de famílias, pois um grupo havia
saído para comprar comida e outro ainda não tinha retornado do trabalho.
Para o Fórum de Reforma Agrária e Justiça no
Campo de Goiás é um absurdo em pleno estado de direito trabalhadores/as que
lutam por seus direitos são criminalizados, sendo que não ocupavam uma
propriedade privada e sim margem de uma rodovia pública e não estavam
incomodando ninguém. Esta ação demonstra o viés autoritário do governador e seu
vínculo com os latifundiários. Outro fator determinante é que o governo
pretende manter o leilão da fazenda, temendo que a mobilização dos acampados
viesse prejudicar a realização do leilão, pois os futuros compradores poderiam
se recusar a ofertar preços. Assim, expulsou as famílias de perto da fazenda
porque pretende vende-la, para um rico fazendeiro, ao invés de fazer um
assentamento de reforma agrária.
O Fórum de Reforma Agrária solicita ao
INCRA que realize vistoria agronômica no imóvel para verificar sua
improdutividade. O Movimento Terra Livre não deverá recuar e continuará na luta
para que a fazenda seja destinada para reforma agrária. Distribuir terra a
trabalhadores/as, sobretudo devoluta, é obrigação de qualquer Estado que tem
como princípio a superação das desigualdades sócio-econômicas, resultantes de
um modelo de desenvolvimento que determina o que o governo deve fazer para que
ele se perpetue. Para tanto, o governo do Estado de Goiás se utiliza de todos
os mecanismos para atender os usurpadores do Estado, inclusive as forças institucionalizadas
de repressão, mais uma vez, como historicamente acontece no campo e também na
cidade, como se percebe nas últimas manifestações públicas na capital do
Estado.
É preciso continuar a luta, mesmo tendo
a certeza de que não estamos em um Estado democrático da federação.
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