Camponesas ocupam unidade Arroz e Feijão por Embrapa 100% pública
Por sinpaf em 5 de março de 2012 - 9:57
Elizângela Araújo
SINPAF
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Cerca de 500 agricultoras ligadas a movimentos de luta por justiça
no campo ocupam, desde às 8 horas desta segunda (5/3), a Embrapa Arroz e
Feijão (Goiás). As trabalhadoras exigem, entre outros pontos, a
manutenção da Embrapa 100% pública e a retirada do PLS 222/08 (Embrapa
S/A), audiência com o ministro da agricultura para discutir a proposta
de modelo dos movimentos para a agricultura, que vai além da reforma
agrária; participação no Conselho de Administração (Consad) da empresa e
um programa de pesquisas para a agricultura familiar camponesa
agroecológica, com contratação de novos pesquisadores e pessoal de apoio
à pesquisa.
Rosana Fernandes, da coordenação da Via Campesina, afirmou que a
intenção da ocupação não é fazer enfrentamento. “Não ocupamos prédios
administrativos, permanecemos na entrada, mas só a nossa presença já é
questionadora. A ideia é permanecer até que recebamos propostas
concretas para nossas exigências”, explicou.
Ela explica que a Embrapa foi escolhida para a ocupação por ter
priorizado a pesquisa para os grandes empresários e o agronegócio,
incentivando o uso de agrotóxicos. “É um lugar simbólico para as
questões que estamos pondo novamente para a sociedade”.
A ocupação faz parte da Jornada de Lutas das Mulheres Camponesas
2012, organizada pela Via Campesina, que reúne militantes do Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Federação Nacional dos
Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (Fetraf), Comissão
Pastoral da Terra (CPT) e Movimento de Pequenos Agricultores (MPA)
entre outros. De acordo com lideranças do MST, a pauta foi entregue ao
chefe-geral da unidade, que se comprometeu a entregá-la ao presidente da
Embrapa, Pedro Arraes, e ao ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro
Filho.
O presidente do SINPAF, Vicente Almeida, afirmou que a luta das
camponesas é legítima e que os trabalhadores da Embrapa devem apoiá-la.
“Elas lutam por reforma agrária, priorização da pesquisa para a
agricultura agroecológica e pela manutenção e fortalecimento da Embrapa
como empresa 100% estatal. Esses pontos também compõem a nossa luta”.
Assim que chegaram ao local os manifestantes organizaram uma
assembleia com os trabalhadores da Embrapa para informar os motivos e
objetivos da ocupação. “A manifestação é justa, embora nos tenha pego de
surpresa. A Embrapa só tem trabalhado para os grandes empresários e
quase não sobra recursos para a agricultura familiar. Aqui mesmo no
Arroz e Feijão quase não há pesquisa para agricultura agroecológica. Por
isso apoiamos o movimento e nos colocamos a disposição enquanto a
ocupação durar”, afirmou o presidente da Seção Sindical SINPAF Goiânia,
Waldomiro Faria. De acordo com ele, os cerca de 230 empregados da
empresa demonstraram compreensão da mobilização e apoiam as
reivindicações.
Jornada de lutas das Mulheres Camponesas
A Jornada Nacional de Luta das Mulheres Camponesas 2012 tem como objetivo denunciar o capital estrangeiro na agricultura e as empresas transnacionais. A intenção da jornada, que se dá nesta semana em que se comemora do Dia Internacional da Mulher, é chamar a atenção da sociedade para destruição do meio ambiente e as ameaças à soberania alimentar do país impostas pelo agronegócio.
A Jornada Nacional de Luta das Mulheres Camponesas 2012 tem como objetivo denunciar o capital estrangeiro na agricultura e as empresas transnacionais. A intenção da jornada, que se dá nesta semana em que se comemora do Dia Internacional da Mulher, é chamar a atenção da sociedade para destruição do meio ambiente e as ameaças à soberania alimentar do país impostas pelo agronegócio.
De acordo com o MST, as principais reivindicações da jornada são:
destinação das grandes extensões de terra utilizadas por empresas do
agronegócio à Reforma Agrária, para produção de alimentos saudáveis para
autossustentação e geração de renda; fim do latifúndio e garantia de
justiça social no campo para dar base à construção da soberania
alimentar do país; garantia de recuperação e preservação da
biodiversidade, matas, florestas, plantas medicinais, sementes crioulas,
água, terra como patrimônio dos povos a serviço da humanidade e um
projeto de agricultura baseado na agroecologia. “Nosso projeto prevê que
a terra, as águas, as sementes, o ar e as diversas formas de produção
da vida no campo jamais podem ser mercantilizadas”, afirma Rosana.
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